Ocupação Tulhas do Café

Em 2010 abrimos as portas de um galpão no Parque da Cidade, em Barra Mansa. O Parque fica às margens do Rio Paraíba e possui uma vasta área aberta. Em sua área central, existem enormes galpões construídos para abrigar o café estocado após a crise de 1929. Entre 1950 e 1973 o local abrigou o 1° BIB (Batalhão de Infantaria Blindada), evidenciado como um centro de violação dos direitos humanos durante o período ditatorial brasileiro. 

O Coletivo Sala Preta inicia a ocupação no Parque com o objetivo de abrigar os ensaios de um projeto de grande porte: o Nasce uma Cidade, com a participação de 400 artistas. Um dos espaços é transformado em barracão para produção dos figurinos e adereços do espetáculo, além de base para os ensaios. Depois, por intervenção de Vicente Melo (artista e então gerente de cultura do município), o Coletivo acessa um dos galpões centrais (as Tulhas do Café) até então abandonado, infestado de cocô de pombos e cheio de entulhos inservíveis do poder público. Limpamos, reutilizamos, (re)significamos… e desde então, não arredamos mais o pé.  Daquilo que parecia inutilizável para alguns, desenhamos nossa primeira arena. Cobrimos o chão com pisos encontrados entre os entulhos e lavados com muita água e sabão. Ali realizamos nossas primeiras aulas de corpo, teoria musical e canto coral. Ali, aconteceram as primeiras apresentações artísticas para o público. 

Nesse ínterim, é aprovado o projeto de construção da Sala de Espetáculos Tulhas do Café. Por meio da participação ativa no Conselho de Cultura, o Sala Preta consegue interferir no projeto original, adaptando o que seria um auditório convencional para uma sala de espetáculos multi-uso com áreas destinadas à produção técnica (ateliês). Após grande atraso nas obras, o Coletivo pressiona para uma inauguração informal do espaço, em 2013. Um ano depois, o poder público faz sua inauguração oficial. 

Outros grupos e coletivos também se uniram à ocupação, mantendo atividades regulares na Sala e também realizando apresentações públicas. Desde 2017, a ocupação é feita através de um colegiado formado pelos grupos ocupantes, que mantém diálogo com o poder público e busca investimentos e melhorias na Sala de espetáculos. Atualmente, esse colegiado é formado pelo Sala Preta, pelo Núcleo À Margem e pelo Instituto Universo Acreditar. 

Em 2016, foi emitido pelo Ministério Público Federal um TAC (termo de ajustamento de conduta) com o principal objetivo de exigir a construção no Parque da Cidade de um centro de memória e também de regulamentar a utilização do espaço, o que ainda não se concretizou efetivamente. Atualmente o Parque da Cidade abriga diversos órgãos da prefeitura municipal, o Tiro de Guerra 01/016, o Projeto Música nas Escolas, a Sala de espetáculos Tulhas do Café, pista de skate e uma área coberta para grandes shows.

 

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+55 24 998435247 | Luisa Ritter (Produtora)
Sala de Espetáculos Lurdinha Chiesse (Tulhas)
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