O espetáculo Memórias do Pequeno Circo surge de um projeto de formação e desenvolvimento das técnicas do ator – IMERSÕES que a diretora Jadranka Andjelic conduz e onde foram selecionados atores participantes para o projeto.
Desde agosto de 2013, os atores passam por treinamentos e encontros regulares com a diretora para desenvolver suas técnicas: treinamento físico e vocal, assim como habituarem-se aos princípios de construção de materiais cênicos e à montagem do teatro contemporâneo, com a finalidade de criar uma linguagem cênica nova, porém comum para o grupo. Tudo isto faz parte de um processo para desenvolver o corpo-mente do ator. Da maneira como o poeta chileno Vicente Huidobro descreve em seu manifesto e que Eugenio Barba cita como exemplo: “Pousar beijos como se fossem um olhar, plantar olhares como se fossem árvores, prender árvores como se fossem pássaros, irrigar pássaros como se fossem heliotrópios”.
Desde 2008, quando a diretora Jadranka Andjelic radicou-se no Brasil, vem propondo junto da SEQUÊNCIA CÊNICAS projetos de pesquisa e linguagem cênica contemporânea. Em 2010, com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz, pelo espetáculo CIDADE IN/VISÍVEL estrearam no vagão do Metrô do Rio, com uma dramaturgia que refletia a história multicultural da cidade do Rio de Janeiro. Em 2011, montaram o espetáculo CATADORES DE SONHOS-UTOPIA COM ATORES E ALPINISTAS, que unia dança, teatro, música, vídeo e alpinismo, com estreia no Teatro Gláucio Gil, pelo qual recebemos o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz e fizeram a circulação em 2012 no Teatro do Jockey do Rio de Janeiro, SESC São João de Meriti, SESC Barra Mansa e no Teatro Coletivo em São Paulo.
Agora, a diretora e a SEQUÊNCIA, visam um novo espetáculo, ”MEMÓRIAS DO PEQUENO CIRCO”, que se desenvolve em torno de temas presentes e preocupantes em nossa sociedade: negligência e desrespeito pela vida humana, banalização da cultura, da mídia e a teatralização de movimentos sociais, da política e justiça, assim como a necessidade de uma efêmera alegria e, junto dela, um oblívio histórico-social que gera novas perdas e continuidade de tragédias.
A ESTRUTURA DO ESPETÁCULO é inspirada na dramaturgia do circo e seus números, sua música, o apresentador e animais. No espetáculo “Memórias do Pequeno Circo” estes números clássicos do circo vão ser “traduzidos” pelos atores para linguagem corporal contemporânea e através do uso de textos literários e documentais. Os animais no espetáculo vão aparecer algumas vezes em vídeos e outras, os personagens serão “tratados” como animais do circo.
OS PERSONAGENS surgem como artistas circenses após um grande incêndio e apresentam um espetáculo de circo com acrobatas da política, palhaços da felicidade (Bigode, Dequinha, Pardal), trapezista rebelde (Diogo Fonseca da Silva Ramos), domador de memórias (Loverbrando de Oliveira Kimeche), pirofagista do medo e – a irresistível música do – circo! Um profeta está por perto, oferecendo pão e vinho, cantando sobre o “circo-mundo”.
Durante o processo de montagem foi criado UMA DRAMATURGIA INÉDITA, própria, usando textos de diferentes fontes: “Civilização do espetáculo” de Mario Vargas Llosa, “Livro dos abraços” e “Memórias do fogo” de Eduardo Galeano, “O espetáculo mais triste da terra” de Mauro Ventura, “O queijo e os vermes” de Carlo Ginzburg, textos do profeta Gentileza, textos históricos, documentais.
OS VÍDEOS serão projetados de maneira delicada, pesquisando pequenas superfícies como partes do corpo do ator ou do objeto, junto de projeções no espaço que vão trazer imagens inspiradas em elementos e animais do circo, seus movimentos, sua força e desgaste do corpo, trazendo a presença do animal no contexto do espetáculo. Estas imagens elaboradas artisticamente vão funcionar como “números com animais”, com o intuito de evocar o lado sombrio, simbólico e metafórico do ser humano.
Dentro desta dramaturgia, as ações dos atores, música, cantos, textos, projeção de vídeos, figurinos, espaço cênico – juntos criam uma linguagem cênica que vai transitar entre a leveza lúdica do circo e a tragicômica do grotesco.
Estamos pesquisando a ESTÉTICA DO CIRCO, seus figurinos, maquiagem, cores e seu lado artístico e complexo no sentido como foram abordados pelas vanguardas artísticas (surrealismo, dadaísmo, futurismo, Meyerhold, Brecht).
Direção: Jadranka Andjelic
Dramaturgia: Eveline Costa
Atores: Rafael Crooz, Bianco Marques, Kaline Leigue e Viviane Saar
Espaço cênico: Eveline Costa
Musica e Direção Musical: Bianco Marques
Figurinos: Inara Gomide e coletivo
Desenho de Luz: Rafael Crooz
Fotografia: Marcelo Bravo
Designer Gráfico: Gabs Ramos
Produção Executiva: Viviane Saar
Assessoria de imprensa: Luísa Ritter